IMPLICAÇÕES DOS TRATAMENTOS COSMÉTICOS
IMPLICAÇÕES DOS TRATAMENTOS COSMÉTICOS NA HASTE CAPILAR.
A literatura médica apresenta alguns possíveis efeitos pósalisamento: fratura da haste (em geral, no ponto da junção da parte previamente alisada com o cabelo novo que está sendo quimicamente tratado ou mesmo na parte distal do cabelo), alopecia cicatricial, síndrome da degeneração folicular (hot comb alopecia, cujo nome tende a ser substituído), indução de eflúvio telógeno e um possível dano ao folículo pilossebáceo.
Além disso, são frequentes as queimaduras de couro cabeludo que ocorrem quando o produto é aplicado diretamente na pele. Os corantes permanentes que utilizam oxidação com paradiamina são os maiores causadores de eczema de contato. Os mais implicados na alergia são: p-fenilenodiamina, p-toluenodiamina e cloro-fenilenidiamina. Também o formaldeído pode causar eczema de contato. O quadro de eczema tem início na periferia do couro cabeludo e atrás das orelhas, acompanhado de prurido no couro cabeludo. As lesões podem estender-se à face, em especial à região periocular e às pálpebras. A p-fenilenodiamina pode induzir asma em cabeleireiros. Existe uma preocupação em relação ao uso sistemático dos produtos para tingir os fios. Trabalhos que estudaram o potencial carcinogênico de diversos tipos de corantes não consideraram as substâncias atualmente disponíveis no comércio como de risco. A substância 2,4-diamino anisol foi retirada do mercado por se relacionar à carcinogenicidade. Novos estudos sobre o potencial toxicológico dos corantes para cabelos continuam em desenvolvimento, abrangendo populações maiores e tempo de uso mais prolongado.
Os produtos químicos usados para alisamento, permanente ou coloração tornam os fios ásperos, porosos e quebradiços, com menor resistência à tração, devido à geração de íons negativamente carregados ao longo da molécula de queratina. Também o xampu remove o excesso de gordura e o sebum natural presente ao longo do fio. Pequenos traumas diários aos quais os fios estão sujeitos, como o ato de penteá-los e escová-los, também geram a produção de íons negativos na cutícula e no córtex, principalmente nos cabelos quimicamente tratados.
Durante a gravidez e a lactação, não se recomenda a utilização de qualquer tipo de química capilar para tingimento, permanente ou alisamento, mesmo henna. Não há unanimidade quanto à segurança no uso dessas técnicas e substâncias em relação ao concepto, porém sabe-se que o risco é maior para os profissionais que aplicam os produtos químicos sem o uso de luvas e máscaras, que conferem proteção adequada. Há relatos de casos de neuroblastoma e alterações congênitas cardiovasculares provocadas pela exposição da mãe às tinturas, tanto permanentes como tonalizantes. Alguns autores consideram a henna mutagênica e capaz de deixar resíduos no couro cabeludo.